O mercado de viagens cresceu para os setores de luxo e executivo
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Mercado de turismo e viagens busca fôlego para se reerguer após crise jamais vista

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“Fui do céu ao inferno em menos de duas semanas”, define Manoel Suhet sobre o impacto sentido pelo mercado de transporte aéreo com a chegada da pandemia. Vice-presidente na Latam nos EUA até 2017, o empresário deixou o cargo na companhia para investir na criação da BTD (Business Traveler Deals), startup de tecnologia e gestão de viagens, focada em pequenas e médias empresas e fundada em sociedade com João de Matos (presidente da Bacc Travel). “O mercado na área de viagens e hospitalidade havia crescido muito em 2019 – cerca de 30% em relação a 2018 – e as perspectivas para 2020 eram ainda melhores, tivemos os meses de janeiro e fevereiro bem aquecidos. Mas logo no início de fevereiro, clientes que estavam na China começaram a cancelar voos devido à ‘um vírus que havia surgido’ e, daí em diante, tudo aconteceu muito rápido”, conta Suhet. “No fim de março foram decretados os fechamentos de fronteiras com a Europa e as companhias aéreas tinham 90% de aeronaves no chão, o que resultou em uma queda brusca e inicial de 80% dos negócios”, explica.

Com a situação grave e o que poderia ser o início de uma crise com consequências talvez irreversíveis, surgiu uma oportunidade de se reinventar. “Vivemos uma crise jamais vista em toda a indústria, pois quando a aviação fecha, o fluxo de pessoas praticamente se extingue, seja para trabalho, lazer ou compromissos familiares”, continua Manoel, explicando que o primeiro passo já havia sido dado desde a criação da empresa. “Já somos uma agência com viés tecnológico muito grande, antes da pandemia já possuíamos um sistema de automação ágil e a equipe já trabalhava de forma virtual, então esta etapa não foi um desafio, embora continuemos sempre investindo em novas tecnologias e inteligência artificial”, explica. Mas, já que os aviões estavam parados e quase todo o mundo estava em isolamento, o que efetivamente fazer para virar o jogo? “Foi aí que entramos com a capacidade de reinvenção do nosso negócio e começamos a servir a um novo cliente que, com um poder aquisitivo mais alto, poderia contratar o serviço de aviação executiva para cumprir seus compromissos profissionais. Enquanto o mercado de viagens comerciais esteve em queda e fechou o ano com uma redução média de 60%, o setor de aviação privada cresceu mais de 120%”, comemora.

Manoel Suhet fundou da BTD (Business Traveler Deals). Foto: Acervo Pessoal

Alternativas para viagens

Com as novas cepas do vírus surgindo em diversos lugares, as leis de entrada e saída dos países passam por alterações constantes e muito rápidas. O brasileiro, por exemplo, desde o início da pandemia, tem enfrentado regras severas para entrar nos EUA, para turismo e até mesmo em posse de alguns tipos de visto de trabalho – até o fechamento desta edição, o decreto de proibição feito pelo então presidente Donald Trump em maio de 2020 e revogado pelo mesmo no dia 18 de janeiro deste ano (apenas dois dias antes do fim de seu mandato), e que autorizaria novamente a entrada nos EUA a partir do dia 26 do mesmo mês, foi revertido pelo novo presidente Joe Biden e publicado em 25/01, um dia antes da nova regra começar a valer. Apesar de algumas mudanças neste novo decreto de Biden, ainda assim, as dificuldades e imposições são muitas.

Sobre estas determinações, o setor tem buscado alternativas que possam ser viáveis para quem precisa se deslocar. Manoel enfatiza que existem rotas possíveis, desde que sejam compatíveis com o desejo e possibilidade individual do cliente, mas que o poder de decisão é sempre do setor de imigração. “Quando o cliente brasileiro necessita entrar nos EUA, existem maneiras de criar rotas alternativas, que vão depender da disponibilidade financeira e de tempo de cada um. Em voos comerciais ele pode, por exemplo, voar do Brasil para o México, cumprir os dias de quarentena obrigatórios no país e, só então, viajar aos Estados Unidos. E para voos executivos, também existe uma alternativa de conexão em Porto Rico antes de desembarcar em território americano”, esclarece. Vale reforçar que o exame negativo de Covid é item obrigatório e o prazo mínimo para o teste é de três dias antes do embarque – regra que vale para os EUA e quase para todos os destinos mundiais.

Perspectivas para o mercado

Embora o setor de turismo e aviação tenha começado a mostrar sinais de recuperação em agosto de 2020, quando algumas fronteiras foram reabertas e a pandemia mostrou alguma redução em várias partes do mundo entre uma “onda e outra”, o mercado aéreo ainda está muito afetado – a perspectiva do setor é que somente em 2023 os números voltem aos níveis de crescimento semelhantes aos de 2019. “Nos EUA, por exemplo, o feriado de Ação de Graças e as festas de fim de ano também ajudaram neste leve crescimento, mas ainda temos que lidar com o sentimento das pessoas, muitas ainda estão com medo de viajar, ainda que dentro do próprio país e mesmo que os protocolos de segurança, que já eram de excelência, sejam exaustivamente reforçados pelas companhias aéreas”, conta Manoel.

O início da vacinação em quase todos os quatro cantos do mundo também ajuda a fornecer mais oxigênio para o setor. “Acreditamos que, a partir do segundo semestre de 2021, com a vacinação já mais adiantada, o mercado vai começar a receber uma demanda reprimida, porque as pessoas já estão cansadas de ficar em casa, além de poderem reatar o planejamento de viagens que foram adiadas pela pandemia”, explica o empresário. Já para o mercado de cruzeiros, outro setor também devastado pelo aparecimento da Covid, o alerta ainda é vermelho, segundo Suhet. “As autoridades de saúde não recomendam, o setor está completamente parado e só poderemos avaliar a situação real a partir de abril, quando está previsto o início da retomada. E isso impacta diretamente no setor de aviação, que depende dos cruzeiros e vice versa, mas infelizmente é uma área que vai demorar mais a se reerguer”, lamenta.

E o que fica de lição, não só para o setor de turismo e viagens, mas para todos os empresários e empreendedores que sofreram grade baque com a pandemia? “Na minha opinião, tiramos duas grandes lições diante desta situação. A primeira é a necessidade de uma empresa bem estruturada com o seu operacional e sempre atenta à necessidade de investimento e reforço em tecnologia, para reduzir custos e conseguir otimizar o serviço que vai entregar ao cliente. E a segunda é que o ser humano tem sempre que resgatar a sua capacidade de se reinventar e, no meio empresarial, isso está atrelado diretamente à criatividade para abrir novos nichos, buscar novos negócios e oportunidades”, conclui Suhet.

O setor de turismo e aviação sofreu queda brusca no ano passado e a perspectiva de melhora é para 2023. Foto: Pixabay

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