Marcelo Perna Conheça o brasileiro que vive o palhaço branco do show “Corteo”, do Cirque du Soleil
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Marcelo Perna – Conheça o brasileiro que vive o palhaço branco do show “Corteo”, do Cirque du Soleil

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Por Connie Rocha
Desta vez nossa conversa é com um palhaço. Um palhaço catarinense e muito especial. Marcelo Perna, natural de Florianópolis (SC), é um dos atores brasileiros que fazem parte do seleto elenco do mais famoso circo do mundo: o Cirque du Soleil. Com uma carreira de 35 anos dedicada ao teatro, ele sempre foi apaixonado por cultura, música e a arte de representar. Em 2013, durante uma viagem à Europa, recebeu um convite que mudou a sua vida profissional: o papel do White Clown ou Palhaço Branco, no espetáculo “Corteo”, do Cirque du Soleil, que chega a Fort Lauderdale no dia 24 de julho e fica até o dia 4 de agosto no BBT&T. Aproveitamos a passagem de Marcelo Perna pelo sul da Flórida, para conhecer um pouco mais sobre a sua história. Confira.

Marcelo, como o Cirque du Soleil entrou na sua vida?
Há 35 anos sou ator de teatro e há cinco estou vivendo esse grande sonho e incrível experiência com o Cirque du Soleil. Trabalhei por quatro temporadas como ator em navios pela Europa, e em 2013 encontrei meu ex-chefe do navio, que já estava no Cirque du Soleil e me convidou para assistir a um espetáculo na Bélgica. Fiquei encantado e ele me convidou pra fazer um teste. Isso aconteceu em 2013, já nos meus 40 e poucos anos… Nunca me imaginei entrando no Cirque du Soleil, apesar de admirar muito, mas deu certo!

Você já havia trabalhado em circo antes?
Não, minha área sempre foi da atuação em teatro, nunca havia trabalhado em circo ou representado um palhaço, e essa foi a minha grande oportunidade, um grande salto na vida que acontece de repente, mas claro, fruto de uma grande batalha, lutas, sonhos e muita resiliência, de não desistir quando se vive em país que não tem uma política cultural.

Como está sendo essa experiência da turnê com o “Corteo” pela América do Norte?
Fechamos o show ‘big top” em dezembro de 2015 no Equador e, quando eu voltei para o Brasil, fiquei seis meses em período sabático para pensar na minha carreira. Foi quando, em 2017, tive a grata surpresa de receber mais um convite pra voltar ao elenco do “Corteo” pra criação do espetáculo em formato de arena. Ficamos quatro meses em Montreal nessa reestruturação e pra mim foi um grande privilégio poder participar desse novo processo de criação dentro da sede original do Cirque du Soleil, no Canadá. Estreamos a turnê da América do Norte em março de 2018 em New Orleans, já passamos por diversas cidades e encerraremos em setembro na Pensilvânia, tendo passado por 67 cidades do Canadá e EUA.

Você falou em show “big top” e show de arena. Quais são essas diferentes estruturas dos shows do Soleil?
O Cirque du Soleil tem três tipos de shows: o big top, quando a produção chega numa determinada cidade, monta a lona e toda a sua estrutura e permanece por um bom tempo. O outro é o show residente, que são os shows que acontecem em Las Vegas, por exemplo, e que ficam direto montados por lá. Era como o da cidade de Orlando, na Disney, o show “La Nouba”, que ficou lá por 18 anos. E tem o show de arena, que é uma estrutura muito grande também, mas colocada em caminhões e carretas e montada em ginásios ou arenas.

Além do White Clown, você também tem um papel muito importante nesse show, que é o de back up, ou substituto, do protagonista. Como funcionam essas duas funções?
Eu sou o White Clown e também sou o back up do Mauro, o protagonista do “Corteo”. O Cirque du Soleil tem uma estrutura muito grande, e imagina se estamos em uma cidade e o ator principal não está passando bem? Não podemos cancelar o show, então, além do palhaço eu tenho essa função de substituir o papel do Mauro. Dependendo do dia, eu acabo vivenciando o espetáculo de uma ótica diferente, porque os personagens são completamente diferentes e isso já aconteceu inúmeras vezes. Inclusive o White Clown também tem um back up para mim, quando tenho que atuar como o Mauro, que é um músico violinista do circo.

Essa é a sua primeira vez nos EUA? Como está sendo essa experiência por aqui?
A primeira vez que vim aos EUA foi em março do ano passado com essa turnê e está sendo uma experiência maravilhosa cruzar a América do Norte de norte a sul, leste a oeste, e ter a possibilidade de vivenciar as cidades pequenas, não apenas os grandes centros como Nova York, Miami, Boston. Essa possibilidade de ver o verdadeiro país, de como funciona a cultura e a vida nessas pequenas cidades americanas é incrível.

Qual o maior desafio de fazer um palhaço?
Nem todo dia é um dia de sol. Mas o show tem que continuar. Essa é a função do ator, esse é o trabalho que escolhi há 35 anos. Então é como toda profissão, tem dias bons e ruins, mas o grande prazer é ver o sorriso na cara das pessoas, aquele olhar de incredulidade, que leva o espectador à reflexão. Como em uma experiência que tive em um dos shows, em que um dos nossos massagistas foi ver o espetáculo com uma tia que tem Mal de Alzheimer. E ele disse que, quando acabou, ela não parava de falar do show e no dia seguinte lembrava de cenas que nem ele mesmo lembrava. E isso é a magia do teatro, o prazer como algo intangível. Não podemos mensurar como o show vai tocar a alma das pessoas. E esse é o meu grande prazer, emocionar as pessoas com o meu trabalho.

Que dicas você daria para jovens atores que sonham em ter uma carreira e chegar aonde você chegou?
Independentemente do que você faça, tem que fazer com amor e com verdade. O dinheiro e o sucesso são detalhes, mas não são o mais importante. Claro que precisamos de dinheiro, mas acredito que o sucesso é estar realmente feliz. Às vezes você é famoso e tem milhões na conta, mas não pode ir na esquina comer um sonho na padaria, condenado pelo próprio sucesso. As pessoas têm que saber o que querem da vida e ser felizes. Façam com verdade, paixão, e naturalmente o universo vai te retribuir.

“Corteo”, que signifca cortejo em italiano, é uma alegre procissão, um desfile festivo imaginado por um palhaço. O show conta a história do palhaço Mauro, que relembra momentos da sua vida e traz elementos do teatro e do circo, reunindo a paixão do ator com a graça e o poder do acróbata para mostrar ao público o mundo da diversão, da comédia e da espontaneidade em um espaço misterioso entre o céu e a terra.
Fotos: Cortesia/Cirque du Soleil

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