Nilson Lattari

Crônica da semana: NATUREZA

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Por Nilson Lattari

Nada é tão incerto quanto as certezas da natureza. Dentro das suas atitudes, as decisões que a natureza toma, em quase todas elas a natureza nos surpreende. Por isso, quando não prevemos o que a natureza vai fazer, vivendo dentro das inúmeras possibilidades dos acontecimentos, a natureza, e tão somente ela, tem certeza do que está fazendo, e nós vamos vivendo nas incertezas das decisões que ela toma.

Se ela não toma atitudes em vão, possivelmente, há um mentor que domina este ser sobrenatural, e que, aos poucos, os homens vão entendendo, mas sempre cuidando que alguma coisa à espreita é preparada por ela.

A atitude da natureza é sempre de reação, vivendo ao sabor do equilíbrio de tudo. Desde os seres vivos até os minerais, a natureza daria a eles um papel para cumprir durante sua existência na Terra. Porque todos sempre vão existir neste planeta, de uma maneira ou de outra. Vivos ou inteiros, mortos ou despedaçados. Nós sobrevivemos de uma maneira ou de outra. O que nós fomos se transformará em outra coisa e outra coisa até o infinito.

Dentro de cada ser humano há um tipo de natureza, também entregue às certezas e às incertezas. A natureza dos outros animais é somente a de viver como são, cumprindo um papel e não passando além do limite natural deles. Ao homem, cumpre o papel de desequilibrar o processo e causar as certezas imprevisíveis da natureza.

O homem surpreende não a natureza, mas o seu semelhante. Ao lidar com outros seres, observamos o quão surpreendente pode ser nosso semelhante. Algumas vezes temos a certeza de que uma incerteza pode ser prevista.

Nossa natureza pessoal vive um eterno desequilíbrio. Somos potencialmente destrutivos contra ela, a natureza, e contra nós mesmos. Nós temos sempre certeza do que vamos fazer e causamos incertezas aos nossos semelhantes, justamente para poder aterrorizar e dominar, tentando mostrar quem é o dono do pedaço.

Assim como a natureza, o homem não toma atitudes em vão e, em alguns momentos, reage com fúria dantesca, como uma natureza que se vinga, tentando retomar seu lugar.

No homem, nascem flores e espinhos, a ferocidade e a gentileza, a alegria e a tormenta. Dentro dele vive um caudal de ressentimentos e agonias. A natureza transforma tudo isso em algo divino e belo, o homem transforma tudo isso em ambição e angústias.

A natureza não sofre, porque ela se equilibra e continua a viver um mundo que, mesmo após um cataclismo, vai continuar a existir. O homem sofre porque desequilibra e vive a incerteza de se continuará a viver.

Não temos que aprender com a natureza, mas aprender a conviver com a nossa natureza interior, incontrolável e aventureira. O principal segredo é não achar que se está no comando de algo que nos criou.

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