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( votes)Esse mês temos uma convidada especial no espaço de Saúde Emocional, para falar sobre a bela arte de se comunicar, compartilhar ideias e sentimentos, conectar-se e promover a compreensão mútua.
Juliana Biundini que é psicóloga com mais de 15 anos de experiência. Especialista em Analise Bioenergética e Terapia Corporal Neo Reichiana. Juliana Biundini trabalha com seus clientes utilizando a Comunicação Não Violenta (CNV) como instrumento de autoconhecimento.
Segundo Juliana a “Comunicação Não Violenta” (CNV), que é uma ferramenta que oferece uma nova maneira de se relacionar e que disponibiliza formas cruciais para superar os desafios que surgem nas relações originadas pela maneira como nos comunicamos, ou até mesmo pelo fato de não expressar o que sentimos por medo de gerar um conflito. Pode-se considerar que a CNV é muito mais do que uma forma de linguagem ou a maneira correta de falar, mas sim uma prática em que é possível criar entendimento e cooperação nas relações profissionais, pessoais, familiares e consigo mesmo de maneira consciente e empática.
A CNV foi desenvolvida na década de 60 pelo psicólogo e educador americano Marshall Rosenberg, que desde muito cedo observou em sua própria vida episódios de violência, preconceitos culturais, de cor e classe social, mas também percebeu o contrário: que existem pessoas que contribuem espontaneamente com a vida de outras pessoas mesmo nas piores circunstâncias. Marshall investigou esses comportamentos distintos e compreendeu que a linguagem e palavras exercem um papel fundamental na nossa habilidade de permanecermos compassivos ou atuarmos de maneira violenta. Marshall percebeu que hábitos como rotular, criticar, julgar e diagnosticar nos desconectam do essencial e por isso agimos de maneira reativa e automática, gerando ainda mais conflitos. Por meio de sua investigação, Marshall fundamentou a CNV em quatro componentes: observação, sentimento, necessidade e pedido.
Como praticar a Comunicação Não Violenta?
Você pode começar hoje mesmo a praticar a CNV, tendo em mente os quatro componentes identificados por Marshall e colocando a sua atenção neles.
Observação: escolha um fato e tente observar o que realmente aconteceu ou está acontecendo, questione se a mensagem está sendo recebida ou oferecida de maneira positiva ou negativa. Não pode usar julgamento, apenas tente compreender o que está acontecendo. A observação é descrever um fato de maneira que qualquer outra pessoa (testemunha) descreveria.
Sentimento: depois de escolher o fato é preciso entender qual o sentimento que a situação provocou. Neste momento é preciso dar nomes ao que está sentindo, como por exemplo: estou com raiva, sinto medo, estou feliz ou decepcionada etc. Conecte-se com o que está sentindo e não com o que está pensando ou interpretando. É necessário se dar a oportunidade de ser vulnerável para solucionar conflitos e ter o entendimento de saber diferenciar o que sente, pensa ou interpreta.
Necessidade: após identificar qual sentimento foi estimulado pela situação, você precisa reconhecer qual a sua necessidade. Lembre-se que as necessidades são universais. Todo ser humano possui as mesmas necessidades. A causa do que sentimos vem através das necessidades. Ter consciência da sua necessidade te possibilita encontrar um caminho de como atendê-la.
Pedido: é a expressão de como deseja que a sua necessidade seja atendida. Ao fazer o pedido, você oferece ao outro a oportunidade de contribuir com o que é significativo para você. Um pedido para ser atendido deve ser expressado de maneira autêntica sem a necessidade de ser submisso, de acusar ou se vitimizar.
Exemplo CNV:
- Lucas, quando você chama minha atenção e grita comigo diante de todos da equipe (observação)
- Eu me sinto humilhado e ofendido (sentimento)
- É importante eu me sentir respeitado por você e pela equipe para que eu consiga finalizar esse projeto (necessidade)
- Em uma próxima oportunidade você poderia conversar comigo em particular? (pedido)
Através da prática da Comunicação Não Violenta, você terá a oportunidade de desenvolver a autocompaixão, poderá se expressar de maneira empática e honesta, bem como receber feedback sem ser reativo. Sendo assim será possível você estabelecer relações mais afetivas e profundas, resolvendo tensões e conflitos no seu dia a dia. A aplicação da CNV é simples, porém você precisa de determinação, vulnerabilidade e bastante prática.
Espero ter despertado seu interesse pela Comunicação Não Violenta, que nos permite estabelecer relações autênticas e encontrar soluções construtivas.
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