Vida e Saúde

A ausência paterna e seus efeitos na formação psíquica

Sending
User Review
0 (0 votes)

Psicóloga Maria Klien analisa impactos profundos e silenciosos do afastamento paterno na constituição da identidade

A ausência da figura paterna, seja física ou emocional, vai muito além de um vazio nas dinâmicas familiares. Ela pode repercutir diretamente na formação da subjetividade, na forma como nos reconhecemos, nos relacionamos e nos defendemos da dor. É o que afirma a psicóloga Maria Klien, especialista em neurodesenvolvimento e saúde mental.

Segundo Maria, a função paterna representa um pilar simbólico essencial nos primeiros anos de vida. “Ela atua como eixo regulador no início da vida psíquica. Quando há ausência ou descomprometimento afetivo, enfraquecem-se os limites, a noção de autoridade simbólica e as referências emocionais estáveis.”

Esses efeitos, aponta a psicóloga, muitas vezes surgem de forma silenciosa: dificuldades de vínculo, excesso de racionalidade, tendência ao isolamento ou reações agressivas. “Não são escolhas deliberadas, mas marcas de um desenvolvimento afetivo que se deu sem espelhos confiáveis.”

Outro ponto importante levantado por Klien é a idealização. Muitos adultos constroem uma imagem de autossuficiência, mascarando um sentimento de abandono ou de não merecimento. “Na clínica, percebemos como esse vazio relacional pode ser recoberto por performances de força que, no fundo, impedem o contato genuíno com o sofrimento.”

A ausência, no entanto, não está restrita à distância física. A presença não implicada — quando o pai está ali, mas sem envolvimento emocional — pode ter os mesmos efeitos. “A criança percebe a indiferença, internaliza a ideia de que não merece cuidado, e essa marca se repete nas relações afetivas da vida adulta.”

Para quem vivenciou essa experiência, o processo terapêutico é uma oportunidade de simbolização. “É preciso autorizar o lamento pelo que não foi vivido. A falta não se reverte, mas pode ser elaborada. Isso permite criar formas de vida mais autênticas, menos defensivas.”

Por fim, Maria defende que reconhecer os efeitos da ausência paterna não é sinônimo de culpa ou julgamento. “É um passo necessário para compreender os enredos inconscientes que nos moldam e transformar o modo como nos relacionamos conosco e com os outros.”

Advertisement

Agenda de Eventos Acontece

Taxa de câmbio

Taxas de câmbio USD: qui, 7 ago.

Advertisement

Categorias

Media of the day

You cannot copy content of this page