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( votes)Crônica por Nilson Lattari
– Afinal, poeta, de onde vem a sua poesia?
– Poesia não vem, ela está em todo lugar, é somente fechar os olhos e sonhar, e construir poemas, de formas livres e soltas, amarradas nas águas revoltas do papel que se contorce em possuí-las.
– Então, é muito fácil fazer poesias!
– Sem dúvida, a poesia todos têm dentro de si, e não é dona de ninguém, o difícil é construí-las, como tocar violão por ser fácil de tocar mal e difícil de tocar bem.
– Então nunca serei poeta?
– Poeta não é aquele que somente constrói palavras com rimas, faz-se poesia quando se ama e dizemos, para a pessoa amada, palavras que fluem na toada da própria ânsia de amar. Muitos rimam palavras e as encadeiam em versalhadas, outros dão ritmo, cadência, toadas, mas são letras de música para serem cantadas, ou então fazem desabafos, descargas de ansiedades da alma, mas, a poesia, enquadrada em um poema, é como a pequena pílula que se desmancha e nos tira dores horrendas, é esse poder de síntese que enquadra um verso, significando em pequenas estrelas, grandes universos, como o médico que cura, o poeta em pequenas gotas dá à vida, doçura.
– E o poeta, nunca encontra a sua amada?
– O poeta vive da busca, da eterna viagem para o encontro do ser perfeito, caso a tivesse, essa amada, em seus braços, não diria versos para o mundo, mas, os esconderia no espaço do ouvido perfumado.
– E onde você se inspira?
– O poeta já nasce pronto. Da mesma forma que o atleta que vê no horizonte a ânsia de chegar, o jogador de futebol que os pés balança e faz da bola até mesmo uma laranja, do pintor que enxerga cores em uma imaginária vidraça, onde ninguém mais vê do que apenas borrões sem graça. Portanto, o poeta, como qualquer um, não se inspira, a ideia é que nasce de repente, enquanto que para o ser comum o que cai na rede é peixe, para o poeta o que cai no papel vira texto.
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