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( votes)Merecidamente, Brendan Fraser conquistou o Oscar de melhor ator por sua atuação em The Whale. Entretanto, mais do que saudar sua vitória, devemos utilizar o exemplo dele para nos motivarmos e constatarmos como mesmo quem está no fundo do poço em qualquer segmento, pode dar a volta por cima.
Fraser se tornou conhecido no começo dos anos 1990, ao interpretar em “Encino Man”, um homem das cavernas que é descongelado milhões de anos depois e passa a viver muitas trapalhadas com um grupo de adolescentes. A beleza estonteante do ator agradou Hollywood e logo ele passou a fazer vários filmes, principalmente de aventura.
Os papéis brotaram sem parar por alguns anos, mas sempre para filmes que exigiam pouca carga de dramaticidade, focavam mais em sua beleza, do que em seu talento, o que deixava o ator frustrado.
As coisas se complicaram quando Fraser afirmou ter sido assediado sexualmente por Philip Berk, ex-presidente da Associação de Imprensa Estrangeira – organização responsável pelo Globo de Ouro. O ator ficou traumatizado, acabou desenvolvendo um quadro de depressão e só teve coragem de revelar o abuso 15 anos depois.
Mesmo antes de ter revelado o assédio, Fraser teve a sensação de que sua carreira passou a ser boicotada, ele deixou de ser convidado para cerimônias do Globo de Ouro e não foi escalado para dar continuidades às franquias The Mummy e Journey to the Centre of the Earth.
Sua vida pessoal também não ia bem e o ator acabou se separando da esposa em 2009, após 21 anos juntos.
Por vários anos, Fraser só conseguiu papéis modestos como coadjuvante em filmes e séries, dentre eles, o de um oficial de prisão em The Affair. A essa altura, quase que a totalidade do público que assistiu aos seus filmes nos anos 1990 e comecinho dos anos 2000, já o tinha esquecido, o ator era mais um entre tantos casos que despontam com sucesso, mas simplesmente desaparecem.
Entretanto, Fraser não estava disposto a sair de cena, aproveitou o convite que teve para atuar em No Sudden Move (2021) e sua atuação agradou à crítica. Entretanto, foi em The Whale que sua redenção total veio. O mundo do cinema teve que engolir seus clichês preconceituosos de que o ator era só um rostinho bonito que desapareceu na mesma velocidade com que surgiu e agora o reverencia não como alguém que ganhou “apenas” um Oscar, mas como um homem que não aceitou ser derrotado por erros que não era seus.
A lição que podemos aprender com Fraser é que independentemente da área de atuação, nem sempre o vento soprará a nosso favor, haverá muitas portas se fechando, gente tentando nos prejudicar de diversas maneiras e uma sensação de que o melhor é jogar a toalha. Entretanto, se realmente houver foco e um incansável desejo de obter êxito, mesmo contra todos os prognósticos, é possível se levantar, se reinventar e conquistar o merecido espaço.
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