Nilson Lattari

Crônica: O RUIM E O MUITO RUIM

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Por Nilson Lattari

Aprendemos que a vida é dividida entre o bom e o mau ou o bom motivo e o mau motivo. Seria simples a vida assim, colocando os dois bocados no seu lado correto. No entanto, não existe uma uniformidade entre o bom e o mau que abarque tudo. Afinal, o conceito é estabelecido por alguém, que se coloca no lado bom ou no lado mau, nesse caso no seu lado bom ou mau ou o que entenda serem os lados.

Por trás de cada um desses, existem também os bons motivos e os maus motivos, lógico, o suporte para as bondades ou as maldades. Por trás de cada decisão que tomamos está diante de nós o bom ou o mau motivo. E isso é a grande separação nas ideias. Porque, mesmo que haja discordância de pensamentos, ao final de tudo estaremos tentando encontrar um bom ou mau motivo para continuar a contenda.

Por isso, mesmo que as ideias sejam antagônicas, elas encontram um bom motivo para que sejam boas. Ao outro lado cabe encontrar o mau motivo para evitá-las e combatê-las.

Atingir a plenitude da humanidade é sempre um bom motivo, mas alguns acham maus motivos para ela. Segregar o ser humano em castas econômicas ou sociais pode ser um bom motivo para uns e maus motivos para outros. E é nisso que está a separação dos grupos. Uns tentam colocar ideias absurdas, com embasamentos religiosos, econômicos ou quaisquer outros porque acham uma boa ideia que a humanidade seja separada por estas castas. Enquanto outros tentam encontrar uma solução que tenha como objetivo final uma boa motivação para acabar com elas.

Mas a vida ainda seria simples assim, mesmo convivendo nesse mundo binário.

Há uma outra escolha que é motivada por uma experiência de vida, que nos leva a discutir entre o ruim e o muito ruim. Desde que estabeleçamos o bom e o mau, é preciso experimentar entre o ruim e o muito ruim.

Existem momentos em que uma situação ruim é admissível, considerando que exista algo ainda pior. Devemos conviver com ela e aprender a enfrentá-la, afinal não há mal que sempre dure, não é mesmo? Até porque ele pode passar do mau para o ruim e depois para o muito ruim.

No entanto, há situações que se movem para um lugar detestável, inumano e inseguro. Como nas discussões que não devem ser levadas a fundo, porque não fazem sentido e porque no fundo ainda existe um buraco mais fundo. E o mal vai se estabelecendo sucessivamente dentro de um poço sem fundo.

Argumentos que são usados no limite das suas compreensões, que levam a um mundo tão extremado que não concebemos a sua existência, nem sequer em uma ficção, são o momento em que uma discussão ou um argumento extrapolam o bom senso, mesmo que cada lado tenha um. Neles, estão depositados todos os maus motivos para alimentar a discussão. Quem navega pelo muito ruim, surfa em uma onda tipo Deepweb, um tipo de internet mental que sobrevive no submundo de algumas consciências e abandona o sentido de ser humano. Ignorá-la é um bom motivo, como se tirássemos da sala o bode do mau, do ruim ou do muito ruim.

Foto de Eastman Childs na Unsplash

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