Vida & Saúde

Cuidado com os idosos nas festas de fim de ano

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Em tempos de pandemia, o distanciamento social se tornou comum para a maioria das famílias do mundo. Filhos, que já não moram mais com os pais passaram a evitar visitas por medidas de segurança e o mesmo se deu com avós que moram em cidades distantes e outros casos.

A internet se tornou uma aliada para aqueles que sentem saudades de seus entes queridos e amigos que não se encontram há meses. Mas, é possível que com a diminuição dos casos de covid-19, as reuniões voltem a acontecer. Será que as relações e hábitos antigos continuarão os mesmos ou haverá impactos significativos nas relações interpessoais? Para responder estas e outras perguntas, a mestre em psicologia positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia, Flora Victória comenta sobre o tema.

“Sem dúvida, há uma mudança de comportamento. É comum vermos pessoas se cumprimentarem com as mãos ou até mesmo a distância, sem a presença do toque como antigamente. Até em nosso lar muitas vezes temos estas ações sem ao menos perceber. É natural para a situação atual em que vivemos”, explica Flora.

E o cenário deve ser este durante as festas de final de ano. Muitos ainda estão estranhando, principalmente os brasileiros, acostumados a recepções calorosas com beijos e abraços. Esse tipo de cumprimento tem gerado a sensação de distanciamento. “Mudanças de paradigmas sempre geram certa resistência, estávamos num momento cercado por medos e pensamentos negativos em razão da impossibilidade de convivência e agora estamos nos readaptando, mas tampouco é a situação que vivíamos pré-pandemia”, comenta a mestre em psicologia positiva.

Um dos aspectos muito importante desta volta gradual da socialização é a volta da convivência com os idosos. Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foram constatadas 36.247 mortes por covid-19 de pessoas com mais de 60 anos. Para muitos idosos, o sentimento de se enquadrar no chamado grupo de risco causou prejuízos e perdas mentais significativos. Outro agravante foi o sentimento de solidão, que pode levar à depressão.

“É muito importante que, quando os encontros presenciais voltarem a acontecer, familiares tenham atenção redobrada com os idosos, mas carinho, atenção são fundamentais para estimular sentimentos de felicidade e sensações positivas. A mente é muito poderosa e controla todo o restante do nosso corpo. É uma reação em cadeia. Se uma pessoa se sente feliz, logo a saúde se torna ainda mais forte, ao passo que o sentimento de tristeza está relacionado de forma direta a problemas cardíacos e respiratórios”, ressalta Flora.


E quando as pessoas de grupo de risco não querem se aproximar das outras?

Em datas comemorativas, como o Natal e o Ano Novo, que estão se aproximando, as pessoas tendem a trocar laços afetivos como abraços e beijos. Mesmo com a redução gradual no número de contaminados, muitos dos que pertencem ao grupo de risco ainda não se sentem à vontade para participar destas festividades e tendem a se isolar por medo ou insegurança de contrair a doença.

Nestes casos, importante optar pelo caminho de uma conversa tranquila, relembrar lembranças felizes que passaram juntos e arrancar boas risadas – estes são os segundos passos para que a mente gere a vontade de querer estar perto e reviver estes momentos. Mas, vale lembrar que é importante que os mais velhos se sintam livres para tomar a decisão que acreditarem ser a mais adequada, caso estejam inseguros.

A paciência também é outro fator que estará presente na hora das reaproximações. É muito importante que a família se sinta confortável para que os encontros e afetos aconteçam, mas depois de meses longe das pessoas queridas, o estranhamento tende a acontecer por questões naturais e mecânicas pré-definidas pelo cérebro.

“As relações interpessoais vão variar de acordo com cada pessoa. O ser humano é único, logo, os pensamentos também são. Alguns terão reações agradáveis e receptivas, outros nem tanto, e isto é totalmente normal. Tudo é questão de reciprocidade em compreender e respeitar o espaço do outro. O maior segredo para uma boa reaproximação com nossos parentes e amigos é mentalizar pensamentos bons. Automaticamente, liberamos endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina, que são, na verdade, a composição química dos hormônios da felicidade plena – que é tudo o que esperamos para as festas de final de ano”, finaliza Flora Victoria.  

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