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Ciência, tecnologia e inovação fomentam a bioeconomia na Amazônia

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Problemas relacionados à conectividade dificultam a inovação nesses locais

Foto: Freepik

Você sabia que a exploração de óleos extraídos de árvores e plantas da Amazônia pode resultar na produção de cosméticos 100% naturais? E que o caroço do açaí pode ser uma opção de geração de renda? Esses são alguns exemplos de uma gama de insumos, oriundos da Amazônia, região vista como promissora para a bioeconomia, área de estudo que propõe um novo modelo de produção baseado na oferta de soluções sustentáveis. 

A diretora-presidente da Wylinka – organização privada sem fins lucrativos que trabalha para fomentar a criação de soluções inovadoras baseadas em ciência e pesquisas acadêmicas –, Ana Carolina Calçado, destaca que, para ajudar a impulsionar esse novo modelo de desenvolvimento, a partir de uma economia que vem da natureza, a ciência, a tecnologia e a inovação têm um papel fundamental. Ana explica que cientistas estão nos laboratórios, buscando conhecimento de fronteira em diversas áreas de pesquisa. Os avanços alcançados têm potencial para resolver problemas que até hoje são considerados sem solução. 

“Quando se fala da Amazônia, temos destaque mundial em pesquisas sobre a biodiversidade, além de proximidade com povos originários que são atuantes na preservação da floresta e têm muito a compartilhar a respeito de modos de produção mais sustentáveis. Todos esses modos de fazer podem ser entendidos como tecnologia – do mais futurístico ao mais tradicional. Mas para que o conhecimento e a tecnologia gerem impacto positivo, precisamos de aplicações práticas e é aí que entram os processos e as metodologias de inovação e empreendedorismo, que nos ajudam a transformar esses recursos em soluções para a vida das pessoas”, detalha.

Desafios para inovar

A Wylinka apoia o desenvolvimento de ecossistemas de inovação na região da Amazônia e reconhece que há desafios para inovar nesses locais, como problemas relacionados à conectividade. Ana conta que a falta de acesso à internet e a infraestrutura limitada de computadores foram questões que a organização teve que solucionar ao levar o Circuito Startup Tech (programa de formação empreendedora, com foco na transformação do conhecimento acadêmico em novos empreendimentos de base tecnológica) para o interior dos estados da região norte.

“Em todos os contextos, a inovação traz seus desafios inerentes, como mudança de cultura, necessidade de infraestrutura, ambiente fértil e facilitação regulatória para criação de novos produtos e serviços, além de acesso a recursos. Resolver essa demanda de conexão na Amazônia pode facilitar que empreendedores e cientistas dessas regiões acessem mais conteúdos e capacitações, além de terem mais chances de conseguir parcerias com atores locais ou de outras regiões”, relata Ana.

A diretora acrescenta que a questão da logística também é um fator que distancia esses ecossistemas de outras regiões do Brasil. “É preciso soluções inovadoras que respeitem a cultura e as características desses locais”, complementa. 

Oportunidades para startups na Amazônia

As startups são, por natureza e concepção, negócios inovadores, que promovem soluções, rompem o status quo, e proporcionam modelos viáveis e escaláveis de resolver problemas de grandes populações. Neste cenário, a Amazônia tem visto nascer startups com foco em atividades sustentáveis, baseadas em produtos e projetos locais. 

A diretora-presidente da Wylinka acredita que para garantir uma economia mais sustentável – uma das bases da bioeconomia – muitas portas podem ser abertas com esses modelos de negócios inovadores. Porém, alerta, mais uma vez, para os desafios que podem surgir nessa caminhada, pois a promoção da bioeconomia demanda avanços em logística, infraestrutura e conectividade. 

“Não é só sobre criar um cosmético feito com insumos amazônicos produzidos de forma justa e sustentável. Esse produto precisa sair do Norte do Brasil e chegar até outras regiões e países. Seus produtores precisam de capacitação e apoio tecnológico; necessitam ser vistos e conectados com outros ecossistemas para ter seus negócios desenvolvidos. O potencial é gigantesco. Por isso, carecemos de empreendedores e empreendedoras dispostos a transpor essas barreiras e atender a esses públicos”, completa. 

Universidades mais empreendedoras

O conhecimento científico é uma das chaves para a criação de produtos e serviços disruptivos. A Wylinka busca escalar o acesso de seus conteúdos e de suas metodologias, promovendo o desenvolvimento de ecossistemas de inovação nas diversas regiões do Brasil. 

No norte do país, a organização iniciou, em 2016, a parceria com a Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica da Amazônia Oriental (Rede Namor) – Arranjo de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs). Na ocasião, a Wylinka realizou a prospecção tecnológica para os 12 NITs que integram a Rede. Os resultados da parceria mostraram-se positivos: 60 tecnologias foram mapeadas, das quais 20 foram selecionadas para definição de Technology Readiness Leve (TRL) e oito encaminhadas para rodadas de negócios. Segundo o coordenador da Rede Namor, Amilcar Mendes, a Wylinka também capacitou dezenas de agentes de inovação dos NITs que compõem o Arranjo.

“A partir de então, os agentes capacitados proporcionam mais eficiência, eficácia e efetividade nas ações de gestão da inovação em suas instituições, sobretudo, no que se refere à prospecção de novas tecnologias – produtos e processos inovadores –, em aumento exponencial no número de solicitação de registros de patentes na Amazônia Oriental, que é a área de abrangência da Rede”, explica Amilcar. 

A parceria entre as duas instituições foi retomada neste ano por meio do curso Ciência na Ponta, promovido pela Wylinka para ajudar cientistas a criar produtos e serviços a partir da sua produção científica. Desde maio, estão sendo capacitadas 25 pessoas e, a partir de setembro, haverá a capacitação de mais 25. De acordo com Amilcar, a estimativa é de que sejam desenvolvidos, pelo menos, 12 planos de negócios para as tecnologias que compõem o portfólio de PI da Rede Namor. Ele destaca que, com a parceria, a Wylinka faz a inserção desses planos no seu banco de dados, possibilitando maior visibilidade e possibilidade de desenvolvimento das tecnologias e até mesmo de negócios sustentáveis.

“Acreditamos piamente que será um segundo ponto de inflexão para a Rede em termos de capacitação e qualificação – o primeiro foi a capacitação em prospecção tecnológica –, proporcionando aos NITs maior desenvoltura no cumprimento de sua missão, um olhar de mercado mais apurado e prospecção de novos stakeholders”, finaliza o coordenador. 

Em 2022, a Wylinka tem a meta de capacitar mais de 1.000 pesquisadores em todo o Brasil. Institutos de ciência e tecnologia, universidades, empresas e outras instituições do ecossistema da inovação podem firmar parcerias com o Ciência na Ponta, clicando aqui.

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