Vida e Saúde

Autoestima e relacionamentos: a importância das relações desde a Infância

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Desde a infância, os seres humanos são profundamente influenciados pelas relações sociais. Uma das lições mais valiosas que aprendi ao longo dos anos é que as relações interpessoais são o que mais nos move, seja para o bem ou para o mal. Se pensarmos nos melhores momentos de nossas vidas, quase sempre estão conectados a alguém ou a algo relacional, como o nascimento de um filho, uma amizade de infância ou conquistas compartilhadas. Da mesma forma, os momentos negativos, como perdas, rupturas ou traições, também estão geralmente ligados a outras pessoas. Somos seres profundamente sociais, e essas relações, especialmente as íntimas, têm um impacto direto não apenas em nossa saúde emocional, mas também física, influenciando até mesmo nossa longevidade. Diversas pesquisas mostram que as pessoas que mantêm relacionamentos saudáveis tendem a viver mais e com maior qualidade de vida.

No entanto, é crucial reconhecer que nem todas as relações são positivas. Desde a infância, muitos de nós somos expostos a pessoas tóxicas em nosso entorno familiar. Essas interações negativas podem causar problemas emocionais e psicológicos que carregamos para a vida adulta. Se não dedicarmos o tempo necessário para compreender e resolver essas questões, elas se acumulam como sujeira escondida embaixo do tapete, até que se tornam grandes demais para serem ignoradas. Essa negligência emocional pode se transformar em problemas sérios, como surtos psicóticos, depressão, síndrome do pânico, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos. Estes, por sua vez, demandam muito mais tempo e esforço para serem tratados do que se tivéssemos investido em autoconhecimento e gestão emocional desde o início.

É fundamental entender que ter autoestima não é o mesmo que ter uma relação saudável consigo mesmo. Tradicionalmente, falava-se muito sobre o desenvolvimento da autoestima, especialmente a partir dos anos 70, na Califórnia. Na época, acreditava-se que uma alta autoestima era a chave para o sucesso em todas as áreas da vida, incluindo os relacionamentos. No entanto, pesquisas mais recentes têm mostrado que a alta autoestima não necessariamente resulta em melhores relacionamentos. Na verdade, algumas pessoas com alta autoestima podem até ter relações mais difíceis, sendo menos empáticas e mais distantes. Além disso, a autoestima elevada pode estar associada a uma positividade tóxica, onde a pessoa sente que deve sempre ser capaz, sempre estar no controle, o que pode ser extremamente frágil. Em um momento, pode-se sentir que “eu valho”, e no próximo, esse sentimento pode se transformar em “eu não valho”.

Hoje, ao invés de focarmos apenas em autoestima, preferimos falar sobre ter uma relação saudável consigo mesmo. Isso inclui quatro elementos principais: autoconhecimento, autoaceitação, autocuidado e autocompaixão.

O primeiro elemento, o autoconhecimento, envolve conhecer tanto as nossas virtudes quanto os nossos defeitos. Precisamos lembrar que ninguém é perfeito. Se nos vemos apenas como bons ou apenas como maus, estamos nos enganando. A teoria do psiquiatra norte-americano Harry Stack Sullivan oferece uma perspectiva interessante sobre isso. Ele sugere que todos nós temos três partes: o “eu bom”, o “eu mau” e o “não-eu”. O “eu bom” é tudo aquilo que mostramos ao mundo, do que estamos orgulhosos. O “eu mau” é aquilo que escondemos, mas sabemos que está lá, mesmo que não gostemos de mostrar. E o “não-eu” é tudo aquilo que negamos ter, que não reconhecemos em nós mesmos. Esses aspectos podem se manifestar nos conflitos que temos com os outros, quando dizemos coisas como “não sou eu, foi você que me fez fazer isso”. Reconhecer essas partes de nós mesmos, especialmente o “não-eu”, é crucial para um verdadeiro autoconhecimento.

A autoaceitação, o segundo elemento, envolve aceitar essas três partes de nós mesmos. Não podemos nos amar verdadeiramente se não aceitarmos tanto nossas virtudes quanto nossos defeitos. O terceiro elemento, o autocuidado, é fundamental. Muitas vezes, em terapia, começamos ao contrário: pedimos que as pessoas que ainda não se amam ao menos comecem a se cuidar. Isso porque, ao cuidar de nós mesmos, começamos a desenvolver um afeto por nós mesmos, similar ao que acontece quando cuidamos de um animal de estimação ou de outra pessoa.

O autocuidado inclui hábitos saudáveis, que são essenciais para nosso bem-estar físico e mental. Dormir bem, comer de forma equilibrada, eliminar microadicções e praticar exercícios físicos são práticas fundamentais. Por exemplo, o sono está profundamente relacionado com a depressão e pensamentos obsessivos. Dormir bem não resolve necessariamente uma depressão profunda, mas é um passo crucial. Da mesma forma, procrastinar pode ser uma forma de adição, algo que nos faz sentir bem de forma imediata, mas que nos traz problemas a longo prazo.

Praticar esportes é outra excelente forma de autocuidado, e possivelmente o melhor investimento que podemos fazer para nossa saúde física e mental. Se você está lidando com muita ansiedade, depressão ou outros transtornos, pode ser melhor começar com exercícios físicos ao invés de práticas como meditação, que nem sempre são indicadas para todos. O exercício físico ajuda a criar uma distância saudável entre você e seus problemas, permitindo uma perspectiva mais clara e menos emocional.

Além disso, as relações sociais e atividades na natureza são formas adicionais de autocuidado. Tudo isso contribui para o desenvolvimento de uma relação mais compassiva e saudável consigo mesmo. E, ao sermos mais compassivos com nós mesmos, somos mais capazes de nos ver e entender de forma verdadeira.

Por fim, é crucial observar como nos sentimos no momento presente. Se você se sente esgotado fisicamente ou percebe sinais de esgotamento emocional, não hesite em buscar ajuda. Investir em autoconhecimento e gestão emocional não apenas melhora nossa qualidade de vida, mas também nos capacita a construir e manter relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios ao longo da vida.

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Rebeca Macedo – Empresária e Mentora de Inteligência Emocional

Instagram: @encontrandosuasestrelas

Youtube: Encontrando suas Estrelas – Rebeca Macedo

E-mail rebeca@encontrandosuasestrelas.com

Foto: Alena Shekhovtsova de The Alena Shekhovtcova Collection

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