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Bitcoin supera 50 mil de dólares

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O preço do Bitcoin (BTC) quebrou um recorde sem precedentes no setor de criptomoedas nesta terça-feira, 16 de fevereiro de 2021, ao superar o preço de US$ 50.000. A alta histórica do BTC se deve pelo forte interesse de grandes bancos e empresas, como a Tesla, na criptomoeda. Em 2020, o crescimento da moeda foi tão expressivo que seu valor quintuplicou em apenas um ano.

No criptomercado, as tendências mudam em alta velocidade quando comparado à estrutura centralizada e altamente regulada do mercado financeiro tradicional. Isso o torna mais passível a alterações de rumo, até então, imprevisíveis. 

Quando se trata de teste contra imprevisibilidades, os últimos tempos se mostraram um excelente campo de prova para ativos como ouro e Bitcoin, cujos retornos anuais (em reais), mesmo após a queda expressiva de março, fecharam o ano com ganhos gigantescos. 

A corrida dos investidores para ativos metálicos (como o ouro) em busca de reserva de valor em momentos de maior incerteza econômica é, historicamente, comprovada. Já o desvio para criptomoedas é algo novo. 

O sincronismo entre quatro fatores (três macroeconômicos e outro estrutural), possivelmente, ajudaram o BTC a se destacar entre ativos mais conhecidos pelo investidor nesse período.

Entre os fatores macroeconômicos, tanto a elevada (e contínua) injeção de liquidez pelos bancos centrais no mercado mundial quanto a manutenção das taxas de juros próxima às mínimas históricas forçaram os investidores a buscar em ativos com baixa correlação ao dólar a proteção contra desvalorização de moedas fortes e possível alta da inflação em seus mercados.

Outro fator macro se refere ao ouro vir galgando expressivas altas desde 2019, impulsionado pelas incertezas provocadas pela guerra comercial EUA/China, o que elevou seu market cap (valor do ouro disponível no mercado multiplicado pelo seu preço atual) para a casa dos US$ 10 trilhões. 

Porém, enquanto o ouro subia de preço e as principais economias recebiam um volume extraordinário de dinheiro novo (algo em torno de US$ 14 trilhões somente em 2020), o fator estrutural citado se apresenta na figura do halving (evento gerando ajuste a cada 4 anos, garantindo a característica deflacionária do BTC), e promove a redução pela metade do incentivo econômico para geração de novos Bitcoins. 

De maneira simplificada, isso significa que, se antes a cada “prova de trabalho” um minerador recebia 12,5 Bitcoins e hoje recebe a metade, mantendo a mesma eficiência e preço estável, seu custo de produção deveria dobrar para garantir o mesmo prêmio.  

Como isso é pouco provável, invariavelmente, tal custo excedente acaba refletido na variação do valor do Bitcoin.

Portanto, já era esperada uma alta, mas nada perto do que se viu.

Linha do tempo

Descrição gerada automaticamente

Fluxo de eventos ao longo da evolução do preço do BTC em 2020

Fonte: KAIKO Research, dezembro de 2020

Ao realizar que a curva de preços do Bitcoin perdia a correlação com a variação do dólar e bolsa, ao mesmo tempo em que seu market cap não chegava a 2% do ouro, grandes investidores institucionais (como MicroStrategy, Stone Ridge e Guggenheim Fund) iniciaram alocação de parte do excesso de liquidez do mercado em BTC, enquanto outros investidores relevantes aumentaram suas posições (caso da Grayscale, com mais de US$ 20 bilhões alocados em seu Bitcoin Trust).

Fato é que o cenário de pandemia, sincronizado com a alta do ouro e o halving, geraram as condições de mercado perfeitas para testar a resiliência do Bitcoin como reserva de valor e proteção contra incertezas econômicas. 

Para analisar a probabilidade de revisão desse cenário no curto prazo, que realizaria a reversão da tendência de alta do preço do BTC ainda em 2021, destacamos três pontos: 

  • Governos continuam com seus planos de auxílio emergencial contra o impacto da pandemia, cuja mais provável consequência será a injeção de outros novos trilhões de dólares no mercado;
  • Apesar do início das campanhas de vacinação servirem como luz no horizonte, há vários fatores que podem atrasar a imunização coletiva em diversos países, entre eles uma possível segunda onda de variantes do primeiro vírus, o que já acomete alguns grandes centros. Isso impactaria a recuperação econômica e setores de empresas listadas em bolsa;
  • Especialistas afirmam que para o market cap de BTC atingir 10% do ouro, o Bitcoin deverá estar mais próximo dos US$ 155 mil. Isso equivale ao upside de mais de 280% em relação à máxima histórica de US$ 40 mil, alcançada ainda em janeiro de 2021.

Portanto, tal análise indicaria que, possivelmente, não se trata de uma bolha e, provavelmente, parte relevante do cenário de 2020 ainda será mantido em 2021.

*Texto por Filipe Pires, chefe de análise econômica do Alter. Editado pela equipe da Acontece

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