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A arte dos brasileiros pelo mundo

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Por Jade Matarazzo

Enquanto o mundo começa a se recuperar da pandemia, artistas brasileiros continuam prolíficos em seus espaços.

O brasileiro, fora de seu país, enfrenta sempre maiores obstáculos e não é diferente com artistas independentes ou afiliados a galerias.

A arte é a alma de uma cultura e como tal, reflete o momento da história de um povo.

O brasileiro Sidnei Tendler, carioca que hoje mora em Bruxelas, na Bélgica, exibe um projeto em total sinergia com o momento em que vivemos, e com a necessidade de maior aproximação, o artista traz com três cores básicas o conceito “Somos Um”. As três cores básicas são amarelo, azul e vermelho.

Com curadoria própria, Sidnei decidiu mostrar este projeto humanitário no espaço cultural See U, juntamente com dois ateliers de Portugal, Espírito Mundo e Ai Que Bom, para a reabertura do local depois de ter ficado completamente fechado durante a pandemia.

A escolha surgiu depois de conversas em conjunto onde o grupo escolheu incluir Portugal pela sua ligação marítima com o Brasil e se inspiraram na música Tanto
Mar de Chico Buarque que homenageia os escravos. Uma proposta por sua vez política e humanitária onde há um diálogo entre esses 2 projetos.

Vivendo em um mundo onde os seres humanos estão sendo cada vez mais tratados como números, com um alto grau de competição e uma falta de empatia com as diferenças culturais, Sidnei Tendler vem com o projeto soMos lembrar que todos temos a mesma origem e o mesmo fim. “Estamos todos juntos e a humanidade precisa de todos. Somos um só. O projeto soMos propõe a pluralidade e o multiculturalismo. Para que possamos desfrutar de um mundo verdadeiramente melhor, temos que abandonar os preconceitos raciais, religiosos, linguísticos, territoriais, culturais e passarmos a respeitar os que pensam diferente. O soMos lembra das semelhanças para propor a tolerância.

A humanidade cresce exponencialmente e se não mudarmos o discurso oficial, calcado no nós e o que é nosso contra eles e o que talvez seja deles, estaremos sempre à beira de guerras que, com o crescente desenvolvimento tecnológico, destroem cada vez mais”.

Tolerância
Tendler desenvolveu o soMos durante todo o ano de 2009 para expressar a crise migratória no mundo e refletir a situação do homem. “Um grito contra o preconceito já que temos todos a mesma origem e o mesmo fim. Somos todos iguais”.

Na poesia que deu origem ao projeto, Sidnei desperta a opressão do preconceito e desenvolveu a obra para chamar atenção para esse absurdo que tristemente continua muito atual.
O projeto foi baseado na poesia que fala sobre as três cores básicas nas quais o mundo é constituído. Na primeira etapa foram 10 aquarelas nas mesmas proporções onde já planejava fazer a tela monumental e que desenvolveria os temas da humanidade. Depois dessas 10 aquarelas, Tendler partiu para as telas grandes, foram três rolos de 1,5m X 14m totalizando uma superfície de 63m2. Cada tela com uma cor principal (amarelo, azul e vermelho) com detalhes nas outras duas cores, dando ênfase a cada cor. Durante esse processo, Sidnei percebeu que deveria desenvolver mais, no sentido da tolerância e resolveu utilizar uma linguagem mais figurativa que se afasta da linguagem abstrata na qual o artista habitualmente expressa sua arte. Ele queria exatamente exercer essa tolerância de uma maneira muito sutil.
Tendler criou as letras S – O – M – O – S, que formam um palíndromo (lê-se exatamente igual tanto da esquerda para direita quanto da direita para a esquerda mantendo o mesmo significado). Cada letra foi trabalhada em um contexto meio figurativo, subjetivo. O ser humano é representado pelo S por uma forma humana, vemos o planeta, os olhos refletidos nos dois O, um de cada lado do M, que por sua vez, tem cada uma de suas partes ligadas formando um beijo, como se fosse duas partes se atraindo.

Além disso, Sidnei pegou a poesia originalmente em português e traduziu para 20 línguas aplicando, a próprio punho, cada uma dessas línguas nas telas das letras, tornando ainda mais interessante essas duas linguagens para serem contempladas em um único projeto.

“Mudar a linguagem faz com que as pessoas se surpreendam. O abstrato e o figurativo, opostos que interagem, que interpelam. As distintas linguagens vão mexer com as pessoas e estimular a tolerância”, afirma Tendler.

Poema soMos
De onde viemos e para onde vamos, não importam a espécie, o credo, a cor da pele, a cultura, o grau de conhecimento.
Temos uma mesma origem e teremos o mesmo fim. soMos.
A química, a física e o espaço.
O que está dentro, o que está fora e o que está entre.
O consciente, o subconsciente, o inconsciente, a percepção e a não visão.
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