Novembro Azul: quando o silêncio também adoece

O Novembro Azul costuma lembrar os homens sobre a importância da prevenção ao câncer de próstata — mas a saúde masculina vai além do físico. Em silêncio e muitas vezes disfarçada de força, raiva ou vício, a depressão masculina segue sendo uma das questões mais sensíveis e urgentes da atualidade.

Historicamente, homens aprenderam a não demonstrar fragilidade, a não chorar, a “aguentar firme”. Essa cultura do silêncio emocional tem impacto profundo: para muitos, reconhecer sofrimento ainda é percebido como fraqueza, o que os afasta do diagnóstico e do tratamento.

Segundo o IBGE, 5,1% dos homens brasileiros já foram diagnosticados com depressão, mas a maioria não busca ajuda. A Organização Mundial da Saúde estima que apenas 1 em cada 3 pessoas com depressão recebe tratamento adequado — e os homens são os que menos procuram apoio. Consequência direta disso: eles também são maioria nas estatísticas de suicídio.

De acordo com a Dra. Gesika Amorim, médica especialista em neurodesenvolvimento e saúde mental, a depressão masculina costuma aparecer de formas menos óbvias, como irritabilidade constante, uso abusivo de álcool e drogas, isolamento, dores crônicas e queda no desempenho profissional. “Muitos preferem acreditar que é só estresse ou uma fase ruim”, enfatiza.

Entre os gatilhos mais frequentes estão pressões financeiras e familiares, dificuldade em expressar emoções, rupturas afetivas e isolamento emocional. A médica reforça que pedir ajuda é um ato de coragem e que o cuidado envolve múltiplas frentes: apoio psicológico, conversas abertas com familiares, atividades físicas, rotina de sono saudável e busca ativa por atendimento especializado.

O Novembro Azul é um convite para um cuidado integral com o corpo e com a mente. Que este mês seja também um alerta: a saúde emocional masculina não pode mais ser tratada como tabu. Falar salva vidas — e coragem também é pedir ajuda.