Nilson Lattari

Crônica da semana: EM BUSCA DA PESSOA CERTA

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Por Nilson Lattari

Algumas vezes ouço essa expressão de alguém dizendo estar esperando ou buscando a pessoa certa. Também já pensei nisso, também já imaginei essa frase, e acho que ela pertence ao início da juventude e na descoberta do amor. Mas, também em gente de mais idade, até mesmo aqueles que tentaram uma ou mais vezes encontrá-la, continuam buscando.

Definitivamente, a pessoa certa só existe dentro da gente. Dentro da nossa imaginação. Um tipo de Jeannie, o personagem que vivia em uma lâmpada mágica e teria pelo seu “amo” uma devoção enorme.

Acho que é um pouco disso, alguém feito a nossa imagem e semelhança, como se nós fôssemos deuses. E, pensando nele, mesmo a Eva, tirada de uma costela de Adão, que deveria ser a pessoa certa, temos que questionar se teria sido de fato. Afinal, causou todo aquele rebuliço e Adão recebeu seu chute no traseiro, apesar de que, aqui entre nós, não tenha sido o causador da confusão. O pai se meteu na história e deu no que deu.

A grande chave estaria em amar ou ser amado. Ou amamos e tentamos ser a pessoa certa ou somos amados e tentamos ser a pessoa certa para nosso amor. No final das contas, a busca da pessoa certa tem a ver com uma autocrítica, uma reavaliação de que se somos capazes de satisfazer o outro. E a contrapartida é o outro caminhar no mesmo esforço.

Isso nem sempre dá certo. Renunciar a alguma coisa é sempre uma decisão difícil, em benefício da relação. Causa desconforto e se algum lado cede demais a coisa desequilibra e o final nem sempre é muito bom.

A escolha, muitas vezes, é espontânea ou foi provocada por algum fato que desencadeou a união, seja sentimental, financeiro, o que for.

Dizem que não nos unimos com quem, realmente, amamos. Isso não é um fato geral, mas um fato que, sim, acontece com frequência. Quantos se casam pressionados pela idade, pela família, pelos amigos, por influências que mexem na cabeça?

Às vezes encontramos alguém que faz com que nos sintamos ao lado daquele ideal, e quando o amor se desfaz buscamos aquele mesmo ser em outros e acabamos por não encontrá-lo. Quando encontramos, ou imaginamos que encontramos, as coisas não acontecem como desejamos.

Uniões são caixinhas de surpresas – isso é um chavão, é verdade. Mas nós somente conhecemos alguém quando dividimos os mesmos espaços.

Penso que a busca da pessoa certa é uma experimentação, um teste de resistência. Se pudéssemos prolongar essas uniões até testá-las ao limite e, a partir daí, constituir uma família seria o melhor dos mundos.

Mas mesmo esse melhor dos mundos um dia pode desandar se, no meio do caminho, aparece uma outra pessoa certa. Que está na cabeça de cada um.

Foto de Marek Studzinski na Unsplash

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