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Bruna Caram faz tributo a Gonzaguinha no Blue Note de São Paulo e lança vinil

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por José Roberto Luchetti 

O Blue Note São Paulo se encheu de emoção e nostalgia ao receber a cantora Bruna Caram, que está encerrando uma turnê nacional homenageando Gonzaguinha, um dos mais icônicos compositores brasileiros. As apresentações, que se estenderam por dois anos, tiveram início marcado por um momento de emoção no SESC Belemzinho, logo após a pandemia de Covid-19. “Foi o primeiro show com plateia e encontro com os músicos”, conta a cantora, em entrevista exclusiva para a Acontece. 

Bruna Caram, que passou boa parte do período pandêmico ensaiando as canções de Gonzaguinha, não conteve as lágrimas no SESC. “Foi um momento gratidão. Cada nota parecia carregar toda a emoção acumulada daqueles tempos difíceis”, relembra.

Durante o espetáculo no Blue Note, ela narrou a comovente história de vida de Gonzaguinha, que perdeu a mãe cedo e foi criado pelo padrinho Henrique Xavier e a madrinha Dina, já que seu pai, Luiz Gonzaga, vivia em constantes turnês. Começou o show reverenciando a figura lendária da música brasileira e teceu laços entre o passado e o presente.

A direção de voz do disco “Afeto e Luta: Bruna Caram canta Gonzaguinha” ficou a cargo de Nanan Gonzaga, filha do homenageado, que trouxe um toque íntimo e familiar ao projeto, já que Nanan lembrou de muitas histórias do pai durante os trabalhos das duas. O álbum, lançado em vinil, contou com participações de Zeca Baleiro, Leila Pinheiro, Preta Ferreira e Renato Braz. Bruna compartilhou a sempre relutância de Gonzaguinha em permitir que a plateia cantasse junto com ele “Sangrando”, devido ao caráter profundo da canção. Em contraste, Bruna humildemente convidou o público para cantar com ela e muitos foram às lágrimas. 

No meio do show, ela entoou por quatro vezes um mantra de sua autoria: “Quanto mais difícil for, mais eu vou com mais amor”. A frase ressoou profundamente entre os presentes, refletindo a resiliência e a paixão que marcaram sua trajetória que teve um problema sério nas cordas vocais, mas optou por não fazer uma cirurgia indicada e trabalhar uma reeducação vocal. O texto faz parte de “Pequena poesia presente”, segundo livro de Bruna Caram que nunca teve lançamento por ter sido publicado em 2020, quando Covid se disseminou pelo mundo.

Uma das canções mais marcantes da noite foi “Sementes do Amanhã”, que ela revelou ter cantado muitas vezes para seu filho recém-nascido também durante a pandemia. No álbum, essa música conta com a participação de Leila Pinheiro, a quem Bruna se refere carinhosamente como sua “mãe musical”. Na manhã da conversa com a Acontece, Bruna se dividiu entre a entrevista e ensinar o filho a pronunciar sílabas. “Estou alfabetizando-o, assim como fui pela minha mãe”, conta e completa: “meu filho ainda é pequeno mas já está curtindo aprender as letras! Ele vai fazer 5, a alfabetização oficial é aos 7!”

Outro momento emocionante foi a performance de “O Que É, O Que É?”, considerada por muitos a mais bela canção de Gonzaguinha. Bruna compartilhou uma história que ele pediu aos fãs que escrevessem cartas sobre o significado da vida, e uma criança respondeu: “A vida é tomar sorvete, andar de bicicleta, e eu não sei direito o que a vida é, só sei que é bonita”. “Essas cartas são guardadas até hoje por Nanan”, lembrou.

“Adulto não faz amizade fácil, mas a música faz a gente ficar puro”, refletiu Bruna antes de chamar ao palco a cantora Selma Fernandes, com quem dividiu a interpretação de “Viver amar valeu”, uma canção que nem Gonzaguinha gravou. Bruna também destacou a reconciliação de dele com o pai, Luiz Gonzaga, em 1981, dez anos antes de morrer em um acidente de trânsito. Os dois rodaram o país com a turnê “Vida de Viajante”, que simbolizou a união e Bruna na sequência interpretou “Na Pisada do Maracatu” e “Lindo Lago do Amor”. “Pai conservador e filho progressista, quem já não ouviu essa história, mas a música uniu os dois”, falou com enorme carinho sobre o ídolo. 

Antes de interpretar “Grito de Alerta”, Bruna citou a frase “Todo amor que acaba, desaba no meu coração sem autoestima. Detesto tudo que termina”, talvez uma referência aos últimos dias da turnê e ao espetáculo que caminhava para o final. E como “detesta tudo que termina”, Bruna não sai do palco, ela vai com o vento, depois do bis. Ao ser questionada pela reportagem pela forma tão autêntica e singela de deixar o show, diferentemente de outros artistas que ficam se deleitando com os aplausos, ela dá uma risada tímida e confessa que não foi nada premeditado: “entro ‘corridinha’ e saio assim também, o palco é nada corriqueiro, então acho que foi uma forma de reverenciar o extraordinário, um pouco de sonho e fantasia”, conclui a entrevista.  

Perfil 

Bruna Caram é, além de cantora, compositora, instrumentista, atriz e preparadora vocal. Nasceu em uma família musical, neta de Jamil Caram, violonista de choro, e Maria Piedade, cantora da era do rádio. Sua carreira solo decolou em 2006 com o álbum “Essa Menina,” com destaque para a faixa “Palavras do Coração”. Ao longo de carreira, Bruna lançou sete álbuns, atuou como atriz em minissérie da TV Globo, publicou dois livros de poesia e lançou também um DVD, Alívio Ao Vivo.

Bruna é formada em Educação Vocal pela UNESP e é cofundadora do Instituto Cor e Voz, onde treina vocalmente artistas importantes da cena brasileira. É ativista na campanha internacional “Ninguém Mexe Comigo,” que combate o abuso sexual de crianças e adolescentes, contribuindo com canções de conscientização para a campanha.

Foto: divulgação Bruna Caram – Capa do novo vinil

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