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( votes)Ao imigrar, o maior desafio é se reinventar e encontrar um caminho profissional que faça sentido no novo estilo de vida. Para muitos brasileiros que recomeçam a vida nos Estados Unidos, o empreendedorismo é mais do que uma escolha de carreira. É uma estratégia de sobrevivência, um sonho e, muitas vezes, a única forma de conquistar autonomia e dignidade em um país novo.
Ao longo dos anos, milhares de brasileiros encontraram na gestão de negócios uma forma de reconstruir suas histórias, superar os desafios da imigração e criar raízes em terras estrangeiras.
Empreender sendo imigrante não é fácil. Além das barreiras óbvias, como o idioma, a burocracia e a saudade de casa, existem também os obstáculos invisíveis: o medo de não ser aceito, a insegurança jurídica e o sentimento de não pertencimento. Ainda assim, muitas histórias provam que, com coragem, apoio e rede comunitária, é possível vencer.
O casal Patrícia e Rodrigo, por exemplo, chegou a Boston em 2010. Começaram como muitos: limpando casas e fazendo bicos para sustentar os dois filhos pequenos. Mas Patrícia sempre teve paixão por gastronomia e decidiu apostar em marmitas brasileiras. Com o incentivo de uma amiga da igreja e o apoio de um grupo comunitário local que oferece workshops para empreendedores imigrantes, ela criou sua pequena empresa de comida caseira. Hoje, eles têm uma cozinha industrial e fornecem para eventos e famílias em várias cidades da região. Rodrigo, que antes lavava pratos, agora cuida do marketing e das entregas.
Histórias como a deles se multiplicam por todo o país. De salões de beleza a empresas de construção, de pequenos mercados a serviços de contabilidade especializados em imigrantes, a força do trabalho brasileiro é visível e valorizada em muitas comunidades. E por trás de cada negócio, há sempre um enredo de luta, adaptação e superação.
A legalização do status migratório também faz parte dessa jornada. Muitos empreendedores buscam o green card por meio de programas de investimento, casamento, DACA ou com a ajuda de advogados de imigração que entendem a realidade da comunidade brasileira. Grupos como o BR Nation Club e o Grupo Mulheres do Brasil têm sido fundamentais nesse apoio, oferecendo informação confiável, conhecimento prático, networking e suporte. Uma das grandes vantagens de participar desses grupos é a oportunidade de expandir a rede de contatos. O networking é essencial para qualquer empreendedor, e isso vai além de simplesmente conhecer pessoas. Por meio de interações significativas, os membros podem criar parcerias estratégicas, descobrir novas oportunidades de negócios e até mesmo encontrar mentores que possam guiá-los em suas trajetórias. Cada encontro é uma chance de aprender e crescer em conjunto, aproveitando a força da comunidade.
Além disso, o empreendedorismo tem se tornado uma ponte para o pertencimento. A participação em feiras culturais, festivais e encontros de negócios entre brasileiros fortalece os laços comunitários e ajuda a preservar a identidade cultural, ao mesmo tempo em que se constrói uma vida nova nos EUA. Ser dono do próprio negócio não é só uma conquista econômica. É também uma forma de afirmar que se pertence a este lugar.
Para quem vive entre dois mundos, o Brasil que ficou e os Estados Unidos que acolhem, empreender é, muitas vezes, um ato de resistência e esperança. E cada conquista, por menor que pareça, representa um passo rumo à cidadania plena, ao reconhecimento e, sobretudo, ao orgulho de ser brasileiro em qualquer parte do mundo.
Foto: AdobeStock
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