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( votes)Com base nos dados divulgados pelo TSE no início de julho, eleitorado no exterior representa 0,43% do total de eleitores que escolherão o próximo Presidente da República em 2 de outubro. Com vigor o brasileiro emigrado revela engajamento e reivindica participação e representatividade política
O eleitor no exterior está distribuído em mais de 90 países e 183 cidades. O primeiro turno será em 2 de outubro e o eventual segundo turno, dia 30 do mesmo mês. De acordo com a Constituição Federal, quem reside no exterior pode votar apenas para Presidente e Vice-Presidente. O voto é facultativo para os jovens entre 16 e 17 anos, para os analfabetos e para os que tem mais de 70 anos. A votação ocorrerá das 8h às 17h, conforme o fuso horário do local de residência.
Informações para o eleitor no exterior: https://www.tse.jus.br/eleitor/eleitor-no-exterior/votacao-no-exterior
Lisboa tem o maior número de eleitores no exterior
Mais de 27% do eleitorado concentra-se em cinco jurisdições consulares. Os Estados Unidos, país com mais da metade dos 4,2 milhões de brasileiros expatriados, centralizam em Miami, 40.189 eleitores e Boston, 37.159. Na Europa, a concentração divide-se em Lisboa (45.273) e em Londres (34.498). Já a jurisdição consular de Nagoia, no Japão, registrou até o dia 4 de maio, último dia para regularização e transferência do título eleitoral, 35.651 eleitores.
Proporcionalmente, o colégio eleitoral de Nagoia, onde residem cerca de 122.000 brasileiros tem 35.651 eleitores, revelando uma vontade cívica maior do que em outras jurisdições. A título de comparação, Nova York, onde residem mais de 450.000 cidadãos com passaporte verde amarelo, tem unicamente 27.937 eleitores. Ainda assim, a maior concentração de eleitores, em comparação ao número absoluto de residentes por jurisdição, encontra-se em Lisboa, Portugal.
Ranking | Jurisdição consular | Eleitorado | Total de brasileiros residentes por jurisdição | |
1° | Lisboa – Portugal | 45.273 | 180.000 | |
2° | Miami – Estados Unidos | 40.189 | 410.000 | |
3° | Boston – Estados Unidos | 37.159 | 360.000 | |
4° | Nagoia – Japão | 35.651 | 122.000 | |
5° | Londres – Inglaterra | 34.498 | 220.000 | |
Total | 192.770 | 1.292.000 |
“Estado dos Emigrantes”
Estão aptos a votar no exterior 697.078 brasileiros. Um aumento de cerca de 39% do eleitorado registrado no mesmo período em 2018, última vez em que os brasileiros residentes no exterior compareceram às urnas. Esse contingente supera o eleitorado de três estados da federação.
Estado/país | Eleitorado | Percentual | |
Brasil | 156.454.011 | 100,00% | |
Roraima | 366.240 | 0,23% | |
Amapá | 550.687 | 0,35% | |
Acre | 588.433 | 0,38% | |
Brasileiros no exterior | 697.078 | 0,43% |
Brasileiros no exterior
Conforme estimativa divulgada em 2021 pelo Departamento Consular do Ministério das Relações Exteriores, cerca de 4,2 milhões de brasileiros vivem no exterior. Um aumento de mais de 20% nos últimos três anos e com tendência de crescer. Das dez maiores comunidades brasileiras por jurisdição consular, cinco estão nos Estados Unidos, Nova York, Miami, Boston, Los Angeles e Atlanta. Três na Europa, Londres, Lisboa e Milão, uma no Paraguai, Ciudad Del Este e outra no Japão, em Nagoia.
Historicamente o Brasil é conhecido como um país de imigrantes, mas nas últimas três décadas, passou a “exportar” gente. A diáspora brasileira é recente e foi motivada por problemas econômicos e sociais. Em sua maioria, o brasileiro não emigra por que quer, mas por necessidade e em busca de melhores oportunidades.
Caso fosse um estado da federação, as comunidades brasileiras no exterior estariam entre as 14 maiores unidades federativas e no ranking de população, ficariam logo abaixo do Estado de Goiás, que tem, 6,6 milhões de habitantes.
Perfil do eleitor no exterior – Gênero
Gênero | 2022 | % | 2018 | % | 2014 | % | |
Mulheres | 408.055 | 58,50% | 292.531 | 58,42% | 210.757 | 59,50% | |
Homens | 289.023 | 41,46% | 208.196 | 41,58% | 143.427 | 40,50% | |
Total | 697.078 | 500.727 | 354.189 |
A proporção eleitoral permaneceu quase a mesma desde 2014, com preponderância para as mulheres. Em 2022, a maioria, 58,54%, é de mulheres. São 408.055 eleitoras habilitadas. Os homens correspondem a 41,46%, quase 290 mil. Comparando com o eleitorado do exterior de 2018, o aumento neste ano foi de 39%. Se compararmos com os do pleito de 2014, o número é mais expressivo, 96%. Fazendo um paralelo com o crescimento registrado no Brasil, o aumento foi de 6% nos últimos quatro anos.
Perfil do eleitor no exterior – Faixa etária
Gênero | Entre 16 e 17 anos | % | Acima de 70 anos | % | Total por gênero | % | |
Mulheres | 981 | 0,24% | 13.745 | 3,37% | 408.055 | 58,54% | |
Homens | 854 | 0,29% | 8.301 | 2,87% | 289.023 | 41,46% | |
Total | 1.835 | 0,53% | 22.046 | 6,24% | 697.078 | 100,00% |
No quesito idade, houve um expressivo aumento de eleitores que ainda não completaram a maioridade. Em 2018 eram apenas 285 votantes e neste ano, 1.835 eleitores. O eleitorado acima de 70 anos também cresceu, de 12.216 para 22.046 eleitores. Vale lembrar que o voto é facultativo para menores de 18 anos e pessoas com mais de 70 anos. Os dados revelam uma vitalidade, um desejo de participar e exercer sua cidadania.
Perfil do eleitor no exterior – Grau de instrução
Gênero | Analfabetos | Lê e escreve | Fundamental incompleto | Fundamental completo | Médio incompleto | Total | |
Mulheres | 471 | 4.212 | 15.158 | 19.274 | 28.973 | 68.088 | |
Homens | 379 | 2.810 | 13.239 | 15.492 | 30.034 | 61.954 | |
Total | 850 | 7022 | 28.397 | 34.766 | 59.007 | 130.042 |
Com relação ao grau de instrução, 130 mil eleitores, cerca de 19% do total do eleitorado, informou ser analfabeto, somente ler e escrever, ou não ter concluído o ensino fundamental, ou médio. Os dados apontam também que dos quase 8.000 eleitores que são analfabetos ou somente leem ou escrevem, cerca de 60%, são mulheres.
Não se conhece um perfil detalhado dos brasileiros no exterior e os dados acima não refletem a totalidade, mas é uma amostra significativa e que pela primeira vez, permite conhecer melhor a situação educacional. Os números também expõem uma fragilidade e desmentem a narrativa de que o emigrado é preponderantemente de pessoas com nível superior.
Sem formação básica ao menos, o expatriado continuará tendo dificuldades em se capacitar, crescer profissionalmente e continuará sendo, em sua grande maioria, mão de obra descartável.
É fato que muitos brasileiros saíram do Brasil em busca de melhores condições de vida, mas sua brasilidade, sentimento de simpatia e amor pelo país, persiste.
Miguel Kamiunten vota no exterior desde 1998, pesquisa a participação nas eleições, é diretor fo BBG-Ásia e membro fundador do Movimento Brasileiros Emigrados (MBE), colegiado que busca maior representatividade do brasileiro residente no exterior.
Fontes:
Portal consular – https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/portal-consular/arquivos/ComunidadeBrasileira2020.pdf
Tribunal Superior Eleitoral: https://www.tse.jus.br/
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