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( votes)Apesar de ser um procedimento cirúrgico simples, seguro e rápido, a vasectomia ainda é cercada por desinformação e preconceitos. Segundo o Dr. Ernesto Alarcon, cirurgião geral e especialista em videolaparoscopia, é hora de derrubar mitos e ampliar o diálogo sobre a responsabilidade masculina na contracepção.
Nos últimos anos, a busca pela vasectomia tem aumentado no Brasil. Dados de clínicas e hospitais indicam que mais homens estão assumindo seu papel no planejamento familiar, dividindo com suas parceiras a tarefa de evitar gestações não planejadas. E os resultados dessa escolha vão além da prevenção: homens que optaram pela vasectomia relatam melhorias na saúde física e mental, mais liberdade na vida sexual, mais harmonia nos relacionamentos e até benefícios econômicos.
No entanto, o medo do desconhecido e informações equivocadas ainda afastam muitos homens dessa possibilidade. A seguir, com a ajuda do Dr. Alarcon, desmistificamos os principais tabus sobre a vasectomia.
É irreversível?
A vasectomia é considerada um método permanente, mas pode, em alguns casos, ser revertida. A reversão é feita por meio da religação dos canais deferentes, permitindo novamente a passagem dos espermatozoides. Porém, o sucesso da reversão depende de fatores como o tempo desde a cirurgia, a técnica utilizada, a idade do paciente e a qualidade do sêmen.
“Trata-se de um procedimento mais caro, complexo e nem sempre eficaz. Por isso, a vasectomia deve ser vista como uma decisão definitiva, indicada apenas para quem tem certeza de que não deseja mais filhos biológicos”, orienta o Dr. Ernesto Alarcon.
Aumenta o risco de câncer de próstata?
Esse é um mito recorrente, mas infundado. Embora estudos antigos tenham levantado essa hipótese, pesquisas mais recentes não confirmaram qualquer relação entre vasectomia e câncer de próstata.
“A Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Urologia são claras: não há evidência científica que comprove esse risco”, afirma o médico. Ele reforça ainda que todos os homens, independentemente de terem feito vasectomia, devem manter hábitos saudáveis e realizar exames periódicos a partir dos 50 anos (ou antes, se houver fatores de risco).
Dispensa o uso de preservativos?
Esse é um erro que pode trazer sérias consequências. A vasectomia evita apenas a gravidez, mas não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis, gonorreia, HPV e hepatites.
Outro ponto importante: a vasectomia não tem efeito imediato. Após a cirurgia, ainda podem existir espermatozoides nos canais deferentes. É necessário realizar um espermograma cerca de três meses depois (ou após 20 ejaculações) para confirmar a ausência de espermatozoides no sêmen. Até lá, o uso de preservativo ou outro método contraceptivo é fundamental.
Uma escolha consciente e responsável
O Dr. Ernesto Alarcon reforça que a vasectomia é uma decisão que deve ser tomada com informação e segurança. “É uma escolha pessoal, mas também uma atitude de responsabilidade. Dividir a tarefa da contracepção é um passo importante para relacionamentos mais equilibrados e para o fortalecimento da saúde sexual e reprodutiva dos casais.”
Para quem busca mais autonomia, liberdade e tranquilidade, a vasectomia pode ser uma excelente opção. Mas, como qualquer decisão médica, exige diálogo com um profissional qualificado e acesso a informações corretas.
Sobre o especialista
Dr. Ernesto Alarcon é Cirurgião Geral com especialização em videolaparoscopia, atuando com foco em cirurgias gerais e digestivas, incluindo hérnias, vesícula, bariátrica e vasectomia. Coordena equipes médicas em hospitais de São Paulo.
Mais informações: ernestoalarcon.com.br
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