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Desvendar Clarice Lispector

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Desvendar Clarice Lispector é confrontar-se com a própria existência

Não há como entrar na exposição Constelação Clarice no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, e sair do mesmo jeito. A mostra é um mergulho na literatura e na personalidade complexa da escritora. Constelação reúne diversas obras de artistas plásticas que, de alguma forma, estão relacionadas com Clarice Lispector, mas ao mesmo tempo refletem as múltiplas mulheres que coexistiram dentro daquela que tão pouco conhecemos, admiramos e tentamos desvendar. Descobrir Clarice é encontrar respostas para a própria vida, significado para seguir adiante.

Num pequeno televisor, a histórica entrevista a Júlio Lerner é exibida num looping. Muitos param para assistir e ficam hipnotizados com a densidade de cada palavra, com a verdade do existir, com os questionamentos, reflexões e lucidez acima de tudo. Clarice está completamente despida naquela conversa, meses antes da sua morte, parecia saber da importância daquele registro. Bobagem… o que a TV Cultura gravou foi apenas um fragmento do que deveria ser cotidiano para Clarice, viver com intensidade e, ao mesmo tempo, o peso da plena consciência. Atormentada? Atormentados somos todos nós que ignoramos os sinais de vida, que são tantos e por vezes passam e permanecem despercebidos, adormecidos em nossas reflexões inconclusivas, por nossa eterna disposição em fomentar a razão. Até que a própria vida nos mostre que não há maior razão do que o coração.

Constelação Clarice exibe obras de 26 artistas visuais mulheres, que atuaram na mesma época da escritora, entre as décadas de 1940 e 1970. No conjunto, há trabalhos de Maria Martins, Mira Schendel, Fayga Ostrower, Lygia Clark, Letícia Parente, Djanira e Celeida Tostes, entre outras. A mostra reúne ainda aproximadamente 300 itens, incluindo manuscritos, fotografias, cartas, discos, telas – Clarice também pintava – e matérias de imprensa, entre outros documentos do acervo pessoal da autora.

A curadoria é do poeta Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS, e da escritora e crítica de arte Veronica Stigger. A entrada é gratuita, com agendamento prévio pelo site do Instituto.

“Cheguei a pensar que a bondade é tipicamente o que se quer receber dos outros – e no entanto – às vezes só a bondade que doamos a nós mesmos nos livra da culpa e nos perdoa. E é também inútil querer receber a aceitação dos outros, enquanto nós mesmos não nos doarmos a auto aceitação do que somos. […] E há certas dores que só a nossa própria dor, se for aprofundada, paradoxalmente chega a amenizar”, Clarice Lispector.

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